Rondônia

Bioeconomia é uma das agendas prioritárias da biodiversidade brasileira, diz Marcelo Thomé

Agenda promovida pela CNI reafirma os processos produtivos sustentáveis através da bioeconomia como um dos pontos de fortalecimento à indústria
Publicado 27/11/2020
FOTO: Assessoria de Comunicação Social FIERO

A bioeconomia representa uma das agendas prioritárias de desenvolvimento industrial para o Brasil. A afirmação é do presidente da Federação das Indústrias de Rondônia (FIERO) e do Conselho Temático de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Marcelo Thomé, que participou nesta quinta-feira, 26, de um painel durante o fórum sobre bioeconomia realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

“Não apenas pelas oportunidades econômicas que esta agenda nos oferece em seus diversos segmentos como fármacos, cosméticos, energias renováveis, biocombustíveis, dentre outros. Mas pela necessidade de avançarmos numa agenda de uma produção industrial sustentável que dialoga com a agenda de conservação dos biomas brasileiros, e em especial, o Amazônico”, explicou.

A apresentação da agenda promovida pela CNI reafirma um dos compromissos do setor industrial em fortalecer e avançar em processos produtivos sustentáveis a partir dos insumos obtidos nos diversos biomas existentes no Brasil, inclusive com a inserção das populações locais neste processo através de capacitação profissional promovida pelo SENAI, cujo resultado será a geração de bons empregos, renda e riquezas para o país.

Thomé defende que o desenvolvimento de processos produtivos a partir da bioeconomia, necessariamente passa pela identificação e mapeamento das vocações regionais, de cada um dos biomas e das características e diversidade das riquezas culturais das populações tradicionais de cada uma das regiões. “A conjugação desses valores permitirá produzir, ter uma produção com maior valor agregado, não apenas pela inserção das populações tradicionais, mas pelo reconhecimento e valoração do conhecimento ancestral de cada uma destas comunidades no desenvolvimento de cada um dos produtos a partir dos insumos da floresta.

Agenda de bioeconomia da CNI traz propostas e um plano de ação para o avanço do setor. Além do aumento de investimentos em inovação e da criação de uma política nacional de bioeconomia, a CNI propõe agilizar a ratificação do Protocolo de Nagoia, que estabelece normas internacionais sobre a repartição de benefícios pelo uso dos recursos naturais.

Amazônia+21

Essencialmente, a agenda do Fórum Mundial Amazônia+21 é uma agenda de geração de negócios sustentáveis a partir da bioeconomia. A agenda da CNI abrange todos os biomas brasileiros, não somente o Amazônico, e a do Amazônia+21 constitui a espinha dorsal da proposta do Fórum Mundial, que a partir de agora recebe em definitivo o apoio da CNI através da mobilização que será instalada na Confederação pelo desenvolvimento sustentável da Amazônia.

“Concordo com o presidente da CNI, Robson Andrade”, ressaltou Thomé, “quando ele diz que a indústria reúne todas as condições para ser a protagonista da bioeconomia no Brasil, já que é responsável por inúmeras inovações baseadas no uso sustentável dos recursos naturais em setores como biocombustíveis, alimentício, de medicamentos, de bioinsumos, têxtil, entre outros”

.No ponto de vista do líder empresarial a bioeconomia é uma das formas de valorizar a marcante biodiversidade brasileira e cita dados importantes. Por exemplo, a extração global anual de materiais aumentou 3,4 vezes, passando de 27 para 92 bilhões de toneladas. Até 2060 a extração mundial pode dobrar de volume chegando a 190 bilhões de toneladas. Também pode aumentar em até 43% as emissões de GEE (Gases do Efeito Estufa). 40% da economia global está baseada em produtos derivados da biodiversidade e de seus componentes e as vantagens comparativas do Brasil incluem 3,6 milhões de km² de zona marítima e 12% das reservas disponíveis de água doce.

“Precisamos preparar mão de obra e ressalto a importância do SENAI para atender à crescente demanda da indústria cada vez mais integrada à bioeconomia”, disse. “Importante destacar o processo determinante no desenvolvimento da bioeconomia para agregar valor aos produtos e abrir as portas do mercado externo. A organização dos produtores para garantir o fornecimento e conhecer o bioma também é fundamental, bem como a adaptação da infraestrutura para atuar ao longo das cadeias produtivas e ampliar o valor da bioeconomia através da conscientização dos consumidores”, argumenta.

Bioeconomia no Brasil

O Brasil é o segundo maior produtor mundial de biocombustíveis líquidos - etanol e biodiesel (38 bilhões litros). Em 2019, o mercado de biodefensivos movimentou R$ 675 milhões, 15% a mais que em 2018. No transporte, a porcentagem de energia gerada por biocombustíveis é de 20% - 7x maior do que a média mundial e em 2016, o valor das vendas atribuíveis à bioeconomia brasileira foi de US$ 326,1 bilhões. A soma da exploração de açaí, erva-mate, castanha-do-caju e castanha-do-pará em 2017 rendeu R$ 1,1 bilhões.

Onde queremos chegar

É necessário mais investimento público e privado em inovação, melhorar a oferta e condições de financiamento para empreendedores, integração entre academia e setor produtivo com fortalecimento da pesquisa aplicada. Quanto ao ambiente regulatório, é fundamental uma política nacional de bioeconomia com estrutura de governança e maior coordenação entre agências públicas, maior agilidade na concessão de patentes, redução de obstáculos regulatórios para inovação, maior segurança jurídica para investidores e ratificação do protocolo de Nagoia.

Outro ponto une tecnologia e bioprodutos para a ampliação da produção de biotecnologia industrial no Brasil, a ampliação de capital humano especializado para atuação em bioeconomia, formação profissional através de cursos ministrados pelo SENAI e aumento na escala de produção de bioprodutos.

Quanto ao mercado, Thomé explicou a importância da ampla consciência do valor da bioeconomia e aceitação dos bioprodutos, alta confiança dos mercados, o aumento de investimentos para mitigação de riscos (sazonalidade e qualidade), a ampla quantidade de dados a respeito dos setores que envolvem bioeconomia, a construção de um ecossistema de inovação focado na bioeconomia e a valorização da “marca Brasil”.

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