Rondônia

Exportada para os EUA, pimenta-do-reino brasileira vira alternativa de renda

Em Minas Gerais, a produção da especiaria é feita por pequenos produtores; veja como funciona a lavoura do tempero
Publicado 24/08/2020
Atualizado 24/08/2020

A pimenta-do-reino, especiaria originária da Índia e muito valorizada no período das Grandes Navegações pela sua capacidade de conservar alimentos, principalmente carnes, sendo um dos condimentos mais consumidos no mundo, já é um produto muito cultivado no Brasil, que até se transformou em um exportador, principalmente para os Estados Unidos. Entretanto, ela recebeu este nome porque era trazida em caravelas vindas de Portugal ao Brasil durante a época da colonização.

Em Minas Gerais, são poucas as plantações da especiaria. De acordo com a Emater-MG, vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), existem cerca de 110 hectares ocupados com a cultura, em municípios como Novo Oriente de Minas, Teófilo Otoni, Ataléia, Ouro Verde de Minas, Águas Formosas, Serra dos Aimorés, Crisólita, Itabirinha e Bocaiúva.

Em 2019, a produção mineira de pimenta-do-reino foi de 253 toneladas. A maioria das lavouras é conduzida por agricultores familiares, como é o caso do produtor Luiz Carlos Barbosa, do município de Ataléia no Vale do Mucuri, onde produz a pimenta junto com o filho. Luiz faz parte de um grupo de cinco produtores de município que cultivam pimenta-do-reino há quatro anos. A área total em Ataléia é de 12 hectares, com uma produção de aproximadamente 60 toneladas por ano.

O produtor, um dos pioneiros na produção do condimento no município, formou uma lavoura de pimenta para complementar a renda que tem com a pecuária leiteira. Porém, antes de investir na atividade, fez várias visitas ao Espírito Santo, estado onde há grande produção do condimento. Atualmente, ele tem três mil pés plantados em dois hectares irrigados. “Não é um trabalho difícil. Como toda lavoura, é preciso controlar as pragas, doenças e adubar”, diz Luiz.

Características

A pimenta-do-reino é uma planta trepadeira e seu plantio é feito por mudas, sendo necessária a instalação de estacas nas áreas de cultivo para a sustentação dos pés de pimenta. Segundo técnico da Emater-MG, Mário de Souza Silva, a cultura se adaptou bem na região por causa do clima. “A pimenta-do-reino é ideal para regiões quentes com disponibilidade de água. Toda a área de pimenta em Ataléia usa a irrigação por microaspersão”, disse o técnico.

A especiaria começa a produzir no segundo ano após o plantio. Mas, segundo Mário Silva, a produção se torna viável a partir do terceiro ano. “No terceiro ano, a produção chega a três quilos por pé. Já no quarto ano, ela aumenta, chega a cinco quilos por planta”, diz Silva.

A colheita é realizada de seis em seis meses, com a segunda safra do ano tendo início em julho. O estágio de maturação das espigas (ou cachos) na hora da colheita e o processo de secagem determinam a cor da pimenta. A pimenta branca, por exemplo, é colhida mais madura e tem um processo de secagem mais trabalhoso.

Em Ataléia, o período de secagem em estufas é de aproximadamente cinco dias para serem embaladas. Apesar da pimenta branca ter um valor mais alto no mercado, a maioria dos agricultores comercializam a pimenta preta. “Dá menos trabalho e é mais fácil para vender”, afirma Luiz Carlos.

Toda a produção é vendida para a uma cooperativa de Espírito Santo, responsável pela exportação do produto.

Valores

Os preços da pimenta-do-reino costumam variar de acordo com a oferta e demanda internacional. Há cerca de três anos, o quilo do produto atingiu picos de R$ 30 e atualmente está em torno de R$ 10. Por isso, a recomendação é de que a cultura seja um complemento de outras atividades, e que os primeiros investimentos sejam feitos em pequenas áreas.

Mesmo com a volatilidade de preços, o técnico da Emater-MG explica que, sabendo administrar os custos e mantendo a qualidade do produto, é possível ter um bom retorno. “Apesar dos preços mais baixos neste ano, um hectare de pimenta-do-reino gera a mesma renda de quem produz 150 ou 200 litros de leite por dia em Ataléia”, afirma.

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