Rondônia

Mais 2 indígenas morrem por Covid-19 em Rondônia

Informação foi confirmada pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
Por G1 RO
Publicado 20/06/2020

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Dom Roque Paloschi, confirmou nesta sexta-feira (19) a morte de mais dois indígenas em decorrência do novo coronavírus. As vítimas são dos povos Guarasugwe e Puruborá, em Rondônia. Com os novos óbitos, vai para quatro o número de óbitos entre indígenas no estado.

Não há mais informações sobre os indígenas. Em abril, entidades se disseram preocupadas com a disseminação do novo coronavírus nas aldeias.

"Estamos sempre recebendo relatos de uma situação alarmante de avanço do coronavírus nas terras indígenas", disse Ivaneide Bandeira, da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé.

O coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) em Porto Velho, Luiz Tagliani, informou que algumas medidas já foram tomadas em Guajará-Mirim e que, junto com a Fundação Nacional do Índio (Funai), reforçam o auxílio aos doentes e trabalham para evitar na disseminação do vírus.

"Estamos com alguns servidores que estão em quarentena. Estamos recebendo muitos insumos. A demora é grande, a burocracia é grande, mas estamos recebendo esses insumos e que serão priorizados ao polo de Guajará-Mirim, onde se concentra a maior população indígena", explicou.

Até quinta-feira (18), conforme o Dsei, Porto Velho tem 10 casos confirmados da Covid-19 entre indígenas e, desses, 8 curas. Também 39 confirmações entre indígenas em Guajará-Mirim. Seis estão curados. Também há mais um caso em Ji-Paraná, mas o indígena também está curado. Todas as áreas são de atuação do Dsei Porto Velho, que contabiliza dados de indígenas aldeados.

Levantamento da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) desta sexta-feira (19) revela que há 14.353 confirmações e 391 óbitos em decorrência do vírus. As estatísticas apontam que, até esta quinta-feira (18), os casos estão divididos da seguinte forma:

5.263 pessoas recuperadas;
393 pacientes internados;
50.329 testes feitos;
1.697 casos suspeitos aguardando resultado.
Ainda de acordo com a pasta, a taxa de ocupação dos leitos de UTI é de 75% até esta sexta-feira. Porto Velho é a região com o maior número de infectados: são quase 9 mil confirmações. Depois vem Ariquemes (873), Guajará-Mirim (865) e São Miguel do Guaporé (674)

Primeiras mortes
No inicio deste mês, uma indígena de 86 anos do povo Karitiana, identificada como Enedina Karitiana, morreu por Covid-19 em Rondônia. A informação foi confirmada pela Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé e o Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi).

A primeira vítima, o líder indígena Gumercindo da Silva Karitiana, de 66 anos, era tio de Elivar Karitiana, vice-presidente do Condisi. "Confirmo sim. Ele estava com Covid-19. Estava entubado há dois dias", disse Elivar, emocionado. Segundo Elivar, Enedina era mãe de Gumercindo.

O arcebispo de Porto Velho e presidente do Cimi, Dom Roque Paloschi, chegou a mencionar que a tendência é ter mais confirmações de Covid-19 entre indígenas. "Sim, podem ser muito mais. Eles são obrigados a vir para a cidade e há pessoas nas terras indígenas", disse.

Nesta semana, o Cimi denunciou, em nota, o agravamento do avanço da Covid-19 nas aldeias e exigiu "providências das autoridades frente a essa situação calamitosa, que tem vitimado inúmeros indígenas".

Conforme o conselho, os números oficiais divulgados pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) indicam 103 mortes de indígenas por Covid-19 e pelo menos 3.079 indígenas contaminados até 16 de junho.

Já de acordo com os dados coletados pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) até o dia 14 de junho, os números são ainda maiores: 281 indígenas mortos e 5.361 contaminados pelo novo coronavírus.

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