Rondônia

Bolsonaro reclama de cerco e discute com ministros a prisão de Queiroz

Nas conversas reservadas desta quinta-feira, Bolsonaro se queixou, de acordo com relatos feitos à reportagem, de que estão tentando a todo custo encontrar alguma evidência que o prejudique.
Publicado 18/06/2020

Com a prisão do policial militar aposentado e seu amigo Fabrício Queiroz, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (18) a aliados que o Judiciário tem tentado construir um clima político com o objetivo de tirá-lo do cargo.

Segundo relatos de assessores palacianos, o presidente considerou que não foi uma coincidência o fato de, na mesma semana, terem sido feitas operações de busca e apreensão contra aliados no âmbito do inquérito que corre no STF (Supremo Tribunal Federal) sobre atos antidemocráticos, e prendido, via decisão judicial do Rio, seu amigo e ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).

O mandado de prisão de Queiroz foi expedido pela Justiça do Rio de Janeiro, a pedido do Ministério Público do estado, que coordena a operação. Ainda não houve denúncia, e a suspeita é de interferência de Queiroz nas investigações, por isso a prisão preventiva -ele não era considerado foragido.

Nas conversas reservadas desta quinta-feira, Bolsonaro se queixou, de acordo com relatos feitos à reportagem, de que estão tentando a todo custo encontrar alguma evidência que o prejudique, mas ressaltou que reagirá ao que chamou de cerco jurídico.

Nesta quinta, o presidente se reuniu com os ministros militares para discutir uma estratégia de reação. Conforme noticiou a Folha de S.Paulo, o ministro da Justiça, André Mendonça, também foi chamado. O ministro-chefe da AGU (Advocacia-Geral da União), José Levi, foi convocado posteriormente.

Nesta quinta, o presidente não parou para conversar com apoiadores na porta do Palácio do Alvorada. Seguiu direto para o Planalto. Conforme noticiou a Folha de S.Paulo, o ministro da Justiça, André Mendonça, foi chamado para uma reunião para discutir uma estratégia de reação. O ministro-chefe da AGU (Advocacia-Geral da União), José Levi, também deve ser chamado.

No governo, há tanto quem defenda que o presidente deve reagir publicamente à prisão do amigo, com uma crítica dura ao Judiciário, como há assessores que acreditam que ele deve deixar a resposta oficial para a defesa de seu filho, tentando, assim, se afastar do episódio.

Flávio afirmou que a prisão do ex-assessor é "mais uma peça movimentada no tabuleiro" para atacar seu pai. "Encaro com tranquilidade os acontecimentos de hoje. A verdade prevalecerá! Mais uma peça foi movimentada no tabuleiro para atacar Bolsonaro", escreveu em rede social.

O receio, sobretudo na cúpula militar, é que, ao se posicionar, Bolsonaro reforce ainda mais o seu vínculo com Queiroz e com o advogado Frederick Wassef. O policial aposentado foi preso em Atibaia em um imóvel de Wassef, que é advogado do presidente.

Para integrantes do núcleo fardado, o melhor neste momento seria que Bolsonaro se afastasse publicamente de Wassef e que deixasse o advogado se explicar sobre o motivo de Queiroz ter se abrigado em uma de suas propriedades.

Apesar de defenderem a estratégia do silêncio, militares do governo reconhecem que, neste caso, é impossível dissociar o presidente do advogado, figura frequente no Palácio do Planalto.

Nesta quinta-feira (18), em um comportamento atípico, Bolsonaro não parou para conversar com um grupo de eleitores que o esperava na entrada do Palácio da Alvorada.

Queiroz é investigado por participação em suposto esquema de "rachadinha" na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro.

"Rachadinha" é quando funcionários são coagidos a devolver parte de seus salários. O filho de Bolsonaro foi deputado estadual de fevereiro de 2003 a janeiro de 2019.

A operação que prendeu Queiroz em São Paulo foi comandada pelo delegado Nico Gonçalves, chefe do Dope (Departamento de Operações Policiais Estratégicas) da Polícia Civil.

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