Rondônia

Amazônia tem maior devastação já registrada para os cinco primeiros meses de um ano

Publicado 17/06/2020

O desmatamento acumulado na Amazônia legal nos cinco primeiros meses de 2020 é o maior registrado para o período desde 2015, quando teve início a série histórica do sistema Deter-B, do Inpe. Entre 1o de janeiro e 31 de maio, houve alertas de desmatamento para 2.032 km2 no bioma.

O valor é 34% maior que o do mesmo período no ano passado (1.512 km2) e 49% acima da média dos quatro anos anteriores (2016 a 2019), que foi de 1.363 km2.

O cenário de aumento da devastação, porém, é ainda pior quando considerado o período que se estende de agosto a maio e que corresponde aos primeiros 10 meses do calendário de monitoramento do desmatamento do sistema Prodes/Inpe. Entre agosto de 2019 e maio de 2020, o desmatamento foi de 6.499 km2 , segundo o Deter-B, um aumento de 78% em comparação ao período anterior (agosto de 2018 a maio de 2019), quando foram desmatados 3.653 km2.

Os mais de 6 mil km2 desmatados nesses últimos 10 meses contrastam com a média de 3,6 mil km2 registrada nesse mesmo período desde o início da série histórica. Outro aspecto preocupante é que esse período de 10 meses exclui os meses de junho e julho, quando o desmatamento é historicamente mais alto.

A área sob alertas de desmatamento em maio de 2020 foi de 829km2, o maior dos últimos cinco anos e 12% acima do registrado em maio de 2019, um valor excepcionalmente alto para o período. No mês anterior, 407km2 haviam sido devastados, o que significa que a área desmatada dobrou entre abril e maio desse ano. Chama a atenção o desmatamento no Pará: 344 km2 dos 829 km2 registrados em maio, seguido pelos estados de Amazonas (182 km2) e Mato Grosso (177 km2).

As Unidades de Conservação com maiores níveis de desmatamento no período de janeiro a maio desse ano foram a Floresta Nacional do Jamanxim (21 km2), a Área de Proteção Ambiental do Tapajós (9 km2) e a Floresta Nacional de Altamira (8 km2) – todas elas no Pará.

O crescimento do desmatamento na Amazônia já havia sido expressivo na última temporada. Os dados consolidados do Prodes/Inpe indicam que a área devastada em 2019 foi de 10,1 mil km2. O valor corresponde ao desmatamento realizado entre agosto de 2018 e julho de 2019 – um aumento de 34% em comparação ao período anterior (7.536 km2).

A situação torna-se ainda mais preocupante quando se leva em conta a evolução da pandemia de Covid-19 no Brasil, particularmente na Amazônia. De acordo com nota técnica  publicada no dia 8 de junho pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), a vegetação derrubada e não queimada desde o ano passado – em uma área que pode superar 4,5 mil km2 – deverá produzir queimadas intensas a partir deste mês. Segundo o IPAM, isso aumentaria os riscos de um aumento expressivo das internações por problemas respiratórios, pressionando ainda mais o sistema de saúde da região, que já está fortemente impactado pela Covid-19.

“Os dados de maio preocupam e indicam uma tendência crescente de desmatamento no período, com níveis ainda maiores do que 2019 – um ano já excepcionalmente alto. Estamos diante de um cenário de total catástrofe para a Amazônia, com a expectativa de mais áreas abertas, invasões e queimadas somadas ao triste cenário do alastramento da pandemia pelo bioma”, alerta Mariana Ferreira, gerente de Ciências do WWF-Brasil

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