Rondônia

Agricultores assentados pedem socorro: ‘A gente luta, mas não consegue’

Cerca de 300 famílias do assentamento da Gleba rio Vermelho, em Rondonópolis (MT), vivem à margem, sem apoio do governo nem recursos
Publicado 08/03/2020
Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural

Cerca de 5.800 famílias vivem em assentamentos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), distribuídos em 19 municípios ao sul e sudeste de Mato Grosso. Sem apoio, recursos e assistência técnica, agricultores familiares pedem socorro para continuar na atividade.

A dona Anália Silva tem 78 anos de vida e 30 anos como assentada. Mesmo depois desse tempo todo, ela ainda luta para driblar as dificuldades no pequeno sítio de 22 hectares. A agricultora tentar manter de pé o pequeno curral usado na ordenha do gado leiteiro, remendado com restos de madeira.

“O sentimento é que a gente não pode continuar. Não tem com explicar: você luta, trabalha, vai daqui e vai dali, mas não consegue. Não tem como conseguir”, lamenta.

Viúva há cinco anos, o único recurso para suprir as necessidades da casa e alimentar as vacas vem da aposentadoria. “Mas é difícil, muito difícil. Perdi cinco vacas e o meu marido, isso é irreversível, ele me ajudava muito, o apoio era muito muito importante”, conta.

O lamento da produtora é o exemplo do descaso enfrentado por mais de 300 famílias, isso só no assentamento da Gleba rio Vermelho, em Rondonópolis (MT).

Quase um ano atrás, o pasto da propriedade de Aparecida Rocha foi destruído por um incêndio, que matou seis vacas. “Gostaria muito que os governos [federal e estadual] atendessem o nosso pedido e dessem uma solução e um pouco de ajuda financeira, porque precisamos refazer as pastagens”, conta.

De acordo com o presidente da União dos Pequenos Agricultores Rurais do Sul e Sudeste de Mato Grosso, Nelsivon Gomes, a única ajuda vem de dentro da comunidade. “Esses agricultores são guerreiros, porque tudo o que se faz, como estradas, é com parceria da população. As famílias se organizam por meio da associação. Do contrário, estaria tudo abandonado”, afirma.

A lentidão na regularização fundiária também ameaça a agricultura familiar da região, segundo Gomes. “Não há união dos entes federativos e o trabalhador fica de lado”, diz.

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