Rondônia

Campanha conscientiza sobre violência contra a mulher em Vilhena, CAM atende mais de 100 casos por mês

Prefeitura revela que Abrigo da Mulher deve abrir em dezembro, após mais de três anos de portas fechadas
Publicado 28/11/2019
Atualizado 28/11/2019
Foto: Assessoria

O Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (CMDM) faz durante esta semana campanha divulgação das informações importantes sobre o combate à violência doméstica, em alusão ao dia 25 de novembro, Dia Internacional para Eliminação da Violência Contra a Mulher. A psicóloga e coordenadora do Centro de Atendimento à Mulher (CAM), Letícia Santi, revela inclusive, que o Abrigo da Mulher deve ser aberto em breve, ainda este ano, para servir de local de acolhimento às vítimas de violência.

“Há vários tipos de violência e as mulheres precisam saber o que a lei assegura a elas. Atendemos mensalmente no CAM entre 30 e 40 mulheres e mais 80 ou 90 crianças. Mas sabemos que o número de casos é muito maior na cidade, mas muitas vítimas não procuram a rede de ajuda, infelizmente”, conta Letícia.

Os cinco tipos de violência contra a mulher, definidos na lei Maria da Penha, estão listados no link: www.bit.ly/5violencias. O CAM é considerado a porta de entrada das vítimas que se enquadram na lei, visto qualquer pessoa que esteja sofrendo violência pode procurar o órgão, localizado na avenida 34, n° 6405, bairro Alto Alegre.

DEPENDÊNCIA EMOCIONAL - Um dos principais desafios a serem vencidos pelas mulheres vítimas de violência é, segundo Letícia, a dependência emocional de seus maridos agressores. “Apesar de agredidas, elas continuam com o relacionamento ou acabam se relacionando com outro cônjuge agressor no futuro. Quebrar o ciclo é fundamental pois a dependência financeira é um problema menor do que se imagina. Geralmente essa situação viciosa de agressão é acompanhada de alguma desordem psíquica na mulher, como depressão e síndrome do pânico. Assim, essa mulher fragilizada não tem determinação de encarar o problema e fugir do agressor, se expondo novamente ao perigo”, revela.

No CAM são recebidas mulheres e crianças de todas as classes, desde analfabetas até pós-graduadas. Em todos os casos a situação é parecida: o vínculo emocional fala mais alto em muitos casos. Nesse sentido, Letícia lembra que a Patrulha Maria da Penha da Polícia Militar está muito atuante e dando resultados positivos por melhorar a conscientização e a confiança da mulher na rede de acolhimento.

PROJETOS PARA OS HOMENS - A fim de tratar o mal na raiz, ou seja, no agressor, o CMDM prevê a implantação na cidade de dois projetos que vão conscientizar o público masculino a partir do primeiro semestre de 2020. “Estamos nos inspirando nas atividades da ong Filhas do Boto Nunca Mais, de Porto Velho, que oferece oficinas de habilidades sociais, e no projeto “Lá Em Casa Quem Manda é o Respeito”, da Defensoria Pública de Cuiabá (MT)”, conta a psicóloga.

Atualmente há na cidade apenas uma ação voltada para homens nesse contexto: uma oficina periódica no Fórum destinada a homens que estão com medida protetiva decretada, que objetiva conscientizá-los a deixar a vida violenta. O intuito dos dois projetos do Conselho é aumentar a intensidade e continuidade dos atendimentos para o homem agressor para não tratar apenas o “sintoma”, mas a origem do problema.

ABRIGO REATIVADO - Após 3 anos desativado, o CAM trabalha para reativar, ainda em dezembro de 2019, o Abrigo da Mulher. Assegurado por lei, o local é um ambiente que garante lar temporário seguro e sigiloso às mulheres e seus familiares vítimas de violência. Será o único do interior de Rondônia. Através de uma equipe composta por assistente social, psicóloga e monitora, o espaço é um verdadeiro refúgio para as mulheres agredidas.

“Estava sem energia, então reativamos a luz, e através de doações conseguimos máquina de lavar roupas, colchões, panelas, ventiladores e vamos ganhar também camas. A Prefeitura fez a limpeza, trocou vidros, arrumou as portas e a Casa da Gestante vai fornecer para nós as roupas de cama. Será uma iniciativa ótima que vai ajudar muitas mulheres de Vilhena”, completa Letícia.

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Foto: Assessoria